Resenha Crítica – “What Just Happened” (2008)

Não se pode negar que Robert De Niro criou um estilo de atuação implacável e único, dispondo de expressividade facial marcante e leitura de texto impressionante. No filme “What Just Happened”, de Barry Levinson, Robert De Niro é o famoso produtor cinematográfico hollywoodiano Ben. A trama do longa gira em torno da rotina turbulenta desse personagem e da maneira como ele lida com as situações imprevisíveis que surgem. Com alguns minutos de filme, nota-se que o humor negro e o sarcasmo são os pontos altos que dirigem cada diálogo, combinados com personagens e acasos “explosivos”, levando Ben à loucura com uma avalanche crescente de problemas. As críticas ao show business hollywoodiano são tantas que o espectador pode até se assustar, deixando a dúvida no ar: o que é verdade no filme?

Além de De Niro, o longa ainda conta com Bruce Willis, Sean Penn, John Turturro e Catherine Keener. É um ótimo filme para quem busca conhecer um lado mais pessoal do meio cinematográfico norte americano. “What Just Happened” domina o espectador com o fator “imprevisibilidade” devido à atuações dinâmicas e enredo repleto de críticas e sarcasmo.

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Resenha Crítica – “O Homem Que Era Super-Homem” (2008)

Suave e intenso. Palavras totalmente opostas encontram um lugar para residir no filme “O Homem Que Era Super-Homem”. A obra, de 2007, dirigida por Jeong Yun-cheol surpreende nas sensações que causa no telespectador: risadas e lágrimas se misturam de uma hora para outra. Com uma história extremamente criativa – ao mesmo tempo em que simples – é possível se impressionar com cada segundo do longa. A trama gira em torno da relação entre uma repórter que se encontra em crise profissional, cansada daquilo que faz, e de um desconhecido que diz ser o Super-Homem – e acredita completamente nisso. Neste homem, a jornalista vê um motivo para se libertar da realidade e preencher o vazio da vida com imaginação. Porém, ela descobre que o “Super-Homem” esconde uma história repleta de emoção, bloqueada por sofrimento do passado.

Com uma linha de raciocínio bem simples de seguir, pode-se interpretá-lo da maneira que quiser, definindo que tipos de “finais” você pode assistir. De fato, o filme brinca com a imaginação do telespectador, porém, no final das contas, vemos que a realidade toma seu lugar de maneira única, suave e intensa.

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Resenha Crítica – “Jogo de Cena” (2006)

A proposta do filme é apresentada nos primeiros segundos, quando se vê a produção com os equipamentos preparados. A produção não procura caprichar no vestuário, pois não procura deixar as atrizes vestidas iguais às mulheres que contaram as histórias. O objetivo real do filme é ressaltar a intenção de deixar as emoções semelhantes, fazendo um jogo entre a história contada por uma pessoa e, num segundo momento, a mesma história sendo figurada e representada por uma atriz. A proposta fica evidente após alguns minutos (nos primeiros depoimentos que têm em si a função de nos despertar o interesse pela obra, além de nos apresentando o foco documental): histórias da vida real sendo contadas por mulheres que as vivenciaram e a participação do diretor, figurando o espectador. Essa forma de apresentar o filme acaba construindo um universo próprio, além de a todo instante colocar (levantar) questões a nós espectadores que “ficamos” em dúvida sobre o que é real ou não.

A participação do diretor se faz de maneira simples, sem danificar o propósito das entrevistas realizadas. Na segunda história, Eduardo Coutinho pergunta a Andréa Beltrão por que ela chorou ao contar a história. A atriz comenta que é uma história forte e que, num certo momento, ela não consegue segurar o choro. Já Marília Pêra comenta com Coutinho que o verdadeiro choro é feito escondido e por isso ela tentou não chorar ao interpretar uma das personagens. Em outra história, só se descobre no final que a mulher que está contando os acontecimentos é, de fato, a atriz; ela revela, olhando para a câmera, que as palavras usadas não a pertenciam.

O rosto de Eduardo Coutinho nunca é mostrado e isso é uma incógnita, nos primeiros instantes. Quando a câmera segue as mulheres em direção ao palco do teatro, vê-se toda a produção: a iluminação, o equipamento de captura de áudio, assistentes, etc. Neste momento, quando se pensa que Eduardo Coutinho terá o rosto mostrado, percebe-se que a câmera se encontra na frente do rosto do diretor. A intenção é fazer com que Eduardo Coutinho não seja ele mesmo, mas sim, fazer com que ele seja a câmera, dando vida e dando um papel ao equipamento, que captura e conversa com as mulheres que contam as histórias.

O que faz de “Jogo de Cena” uma peça excepcional é pela narrativa diferenciada, contando com um elemento surpresa, que é a interrupção das histórias para que o diretor converse com a atriz. Em alguns momentos, o diretor pede a opinião da atriz sobre aquilo que foi representado, pede também algum comentário e em algumas partes, Eduardo Coutinho conversa e interage com a atriz – vide cena de Marília Pêra falando sobre truque para chorar na representação. Algo interessante de se perceber no filme é a forma como todas as cenas são “arquitetadas”. As cenas são embaralhadas e, certas vezes, o espectador não consegue saber se é a atriz atuando, ou sendo ela mesma. Esse é um dos elementos que tornam “Jogo de Cena” um filme único.

A linguagem que o diretor usa é bem objetiva: as emoções são o grande evento e não importa de quem elas venham: da atriz, ou da mulher contando a história. Eduardo Coutinho não peca nesse trabalho e, dispondo da narrativa criativa, fecha com maestria esse todo esse jogo de cena.

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